Paula Erber, Telhados em Belleville fotografia pinhole, 2010 |
O encontro das fotografias da artista visual Paula Erber com a produção fotográfica do jornalista Renato Erber acontece ao incidirem um olhar estrangeiro sobre território e atmosfera europeus numa mesma época.
Quando Paula Erber visitou a França e a Inglaterra e Renato Erber viajou pela França, Holanda, Bélgica e Alemanha, no mesmo ano de 2007, adotaram recursos fotográficos diferentes um do outro para registrar o que eles mesmos definem como “situações afetivas, ao invés de ‘cartões postais’ destes lugares”. Ela usa, com a lata de leite em pó e caixas de cigarrilhas, a fotografia artesanal da Pinhole; e ele, a fotografia digital.
Com técnicas fotográficas opostas – uma considerada rudimentar e a outra uma conseqüência dos recentes avanços tecnológicos – os dois fotógrafos cariocas alcançam o pensamento de Denis Roche quando este afirma que “a fotografia, antes de qualquer outra consideração representativa, antes mesmo de ser uma imagem que reproduz as aparências de um objeto, de uma pessoa ou de um espetáculo do mundo, é em primeiro lugar, essencialmente, da ordem da impressão, do traço, da marca e do registro”.
A impressão, o traço, a marca e o registro dos dois são diferentes entre si, pela forma de apreensão das imagens, ao mesmo tempo em que se assemelham quanto à escolha do que será fotografado. Tanto um quanto o outro estabelecem um diálogo com as respectivas cidades revelando o particular latente no que seria propriamente universal.
Enquanto na fotografia da Paula Erber o preto e o branco, e os desfocos são proeminentes, concedendo à imagem uma nebulosidade que gera pessoas e lugares velados, identidades ocultas, Renato Erber apresenta situações mais nítidas ao optar pelo colorido, mas que ainda assim permitem que o mistério e o silêncio emanem de algumas fotografias.
As cidades, com suas arquiteturas, trânsitos, inércias e deslocamentos, são apresentadas em panoramas e proximidades, ampliações e detalhes, a partir dos olhares desses viajantes estranhos ao lugar, que elevam o cotidiano e as situações banais vivenciadas numa cidade – e quase imperceptíveis – a uma nova categoria de valor, pelo simples fato de que, como disse Susan Sontag, as “imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito do mundo, mas sim pedaços dele”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário