sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DAS DELICADEZAS E MERGULHOS - “ O Farol e o Mar” de Raimundo Rodriguez e Deneir

Luisa Gomes Cardoso
“O Farol e o Mar” em sua primeira montagem no SESC Noites Cariocas em 2011


A  potência de sentir-se mar, de se entender  oceano e simplesmente aceitar o mergulho. Descobrir que pequenas imensidões residem em experiências possíveis, nessas dos olhos, da percepção, dessa poesia que habita  o cotidiano e que brinca de esconde-esconde com a matéria do real. 

Nesse constante esconder e encontrar,  nesse perder-se para se achar , vez em quando nos deparamos com  delicadezas.Com o quando do guarda-chuva traquitana de roda de bicicleta compondo água , com o quando da maré divertindo-se  em ondas- roldanas ,  com o quando do tempo e do lugar  das artes e da a qual a instalação “O Farol e o Mar “, de Raimundo Rodriguez e Deneir,  compartilham.  A  potência mesma da arte.

Exposta pela primeira vez em Fevereiro de 2011, no SESC- Noites Cariocas, a obra ganha sua segunda edição dentro da programação da Feira de Arte Contemporânea – Artigo Rio e permanecerá  no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, entre os dias 6 novembro  a 20 dezembro de 2012. “O Farol e o Mar“ cativa quem passeia pelo local  e convida a  mergulhar  em suas engrenagens quem se atreve experimentá-la .

Dentro do  oceano de possibilidades que esse pedaço de mar proporciona, no  vai  e vem de sua maré , suas águas trouxeram  ( como naquelas  mensagem engarrafada  que percorrem  distâncias) , de Campinas- SP, o Grupo Garrucha . Grupo crescido dentro do Instituto de Artes da Unicamp , com  trabalhos voltados a  arte contemporânea  e cenografia,  que a convite do artista plástico Raimundo Rodriguez ,vieram ao Rio de Janeiro para,  além de trabalhar na restauração do “ O Farol e o Mar”, imergir no peculiar fazer artístico desse filho de São Jorge. Resultado desse encontro: encantamento e aprendizado. Tons presentes na obra exposta no Parque das Ruínas.

E quem bem  navega  sabe que tem em solo o seu guia, o farol está ali, totêmico ,no seu eterno papel:  indicando a quem decide prosseguir, o horizonte,o  puro devir  e a quem decide retornar, o seu lugar. Mas um aviso  é necessário:  uma vez entregue  a arte raramente se decide voltar.




Sabrina Travençolo

Cientista Social e integrante do Grupo Garrucha

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