sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PERFORMANCE - Diário de viagem

Este é um relato feito a quatro mãos sobre uma jornada de sessenta dias pelo sudoeste asiático. Em janeiro e fevereiro deste ano fomos para duas residências artísticas na Ásia, na House of Matahati (Malásia), comandada pelo pintor Bayu Utomo, e a outra na Tenggara Artland (Indonesia) de Dadi Setiyadi. Lá, contamos também com o suporte da crítica e curadora portuguesa Leonor Viera. A viagem fazia parte de um programa de residência oferecido pela SAGER (Southeast strutura de uma residência e as condições de um ateliê, além de visita aos artistas locais, colecionadores e vernissages.

Fernanda e Pilar realizando a performance Malaysian Experience em Kuala Lampur

Nossa primeira parada, Kuala Lampur. A primeira impressão foi sem dúvida a presença do islamismo, principalmente pela manhã bem cedo, quando nos despertávamos às cinco e meia com o calling pray. Mas a Malásia é um país multicultural, seja pela colonização inglesa ou a forte presença de imigrantes, como chineses e indianos. Fomos ao Batu Caves (templo indiano) e assistimos ao Thaipusan, um festival celebrado pela comunidade Tamil. A partir dessas duas experiências marcantes, fizemos em conjunto a performance Malaysian Experience, onde misturamos elementos malaios e indianos e a música Lata d’água na cabeça como ponto de conexão entre as nossas culturas populares. Tivemos contato ainda com artistas como Hamir Sohib, Ise Roslisham, Intan Rafisa e Kamal Sabran.

Yogyakarta era totalmente diferente. A começar pela geografia da cidade, que apesar de não ser pequena, se parecia como de interior, com ruas estreitas e casinhas. Lá tudo era mais informal, e apesar ter sido uma colônia holandesa, manteve a sua tradição bem enraizada. A língua oficial é o bahasa, mas todos falam javanês. A mitologia javanesa é bastante presente, e essas lendas constituem o universo de grande parte dos artistas locais, como Entang Wiharso, Agus Suwage e Angki Purbandono. À Convite de Dadi Setiyadi realizamos a perfomance Terima kasih em Surabaya, na AJBC Gallery, durante a abertura da sua individual. Depois fizemos mais duas performances no iCAN (Indonesia Contemporary Art Network), onde contamos com todo o suporte da artista Tita Rubi, importante nome da arte feminista indonésia. Em poucas palavras, podemos dizer que foi uma experiência transformadora.


Fernanda Lago e Pilar Rocha

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