sexta-feira, 29 de junho de 2012

PEDRO PAULO DOMINGUES - Sobre as verdades frágeis

Instalação cinética “Ascensão e Queda”, 2012, 6.00 m x 1.50 m x 2.60 m

A produção de Pedro Paulo Domingues dialoga com o experimentalismo e a pop arte brasileira, regida pela ironia, pela provocação estética e pela apropriação de vários materiais. Ao entender a arte como um exercício de reflexão sobre o real através da criação de paradoxos que questionem os limites do real e do imaginário, ele dialoga com os ready mades de Duchamp e com a clareza construtiva de Waltercio Caldas. Fiel a Nietszche, ele entende o artista como ponte entre os tempos, elaborando discursos e ações que fazem do ser humano o agente da transformação, o Demiurgo dos mistérios e das diferenças, o agente que toma para si a função de re-fazer o mundo.

As obras de Pedro Paulo têm esse mistério permanente, essa imanente verdade: elas nos falam de encantamentos reais, experimentados e sentidos no âmbito da vida contemporânea ao mesmo tempo em que são portadoras de um manto de eternidade, de algo arquetípico que de imediato dialoga com nossos pensamentos e nossas certezas.

Por isso há algo nelas que oscila como um pêndulo entre a beleza e a melancolia, entre a estática e o movimento, entre a brincadeira e a sobriedade, entre aquilo que foi e o que sempre será.

A escultura se funda através dos totens, erigidos para identificar grupos sociais e traços culturais comuns; os obeliscos são elementos urbanos decorrentes desse primeiro ímpeto de poder e verticalização da forma. Para essa exposição, o artista propõe uma sensível e envolvente metáfora sobre as ascensões e as quedas, sobre o poder e sua fragilidade, sobre o silêncio dos homens e o uivo dos coiotes, sobre a vida e sobre a arte em sua essência primordial, bela e trágica em seu mistério, em sua beleza.


Marcus de Lontra Costa


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