Estáticos ou em movimento, fato é que os personagens da trama do cotidiano urbano encontram-se sempre mergulhados num estado de profundo alheamento.
Constatação singular e até mesmo banal. É preciso ter os sentidos aguçados para saber extrair a solidão dos exaustivos momentos em que nos alheamos (uns dos outros) na correria repetitiva do dia-a-dia. É preciso, ainda, saber extrair da solidão sua respectiva poesia.
E é justamente com grande sensibilidade que o artista plástico Eduardo Ventura nos oferta com sua série de pinturas e desenhos inédita.
Inaugurada no dia 26 de maio, a exposição “Realidade (re)velada: A linha do tempo”, presente na Sergio Gonçalves Galeria, traz um conjunto de obras surpreendentes do artista – 13 telas e 2 desenhos, em que é possível perceber o andamento de suas pesquisas estéticas, próprias do campo pictórico, além de algumas questões filosóficas acerca do tempo e da duração. Tais questões poderiam ser facilmente levantadas como consequência de sua pincelada e gesto em sentido horizontal que produz uma sensação de movimento e de tensão nos poucos contornos das figuras, expandindo-se por toda composição.
Em obras como “E agora?”, raro momento em que os personagens de Ventura parecem querer dialogar diretamente com o observador, a narrativa visual é representada pela imagem de um homem desolado, sentado numa calçada atrás de um bar. Pouco se sabe sobre essa figura errante e, essa mesma indefinição é o elemento que o artista procura deixar em cada tela, legando a possibilidade de uma interpretação livre ao observador. Poesia pictórica materializada, basta sentir.
Outras obras de aspectos mais soturnos, como “Noite adentro” e “O desencontro”, marcam um processo importante na transição da obra de Eduardo Ventura. “Noite Adentro”, é uma tela predominantemente escura, onde as cores quentes encontram-se encobertas por inúmeras camadas de tinta acrílica de tons variados. A imagem figurativa começa a ser elegantemente reduzida a poucos contornos, apenas o necessário para que o artista realize a sua sugestão narrativa, por entre veladuras.
Nas pinturas, “Travessia” e “Linhas do tempo”, o artista acena para as epifanias finais. As veladuras dão lugar definitivamente às cores, que assumidas no gesto frenético horizontal, afirmam também a duração do movimento. O vazio da tela é preenchido por massas velozes de vermelho, branco, magenta, amarelo e azul na comunhão dos gestos, formas, cores e movimentos. Fundo e a figura se enamoram abraçados em camadas superfinas, revelando nuances de transparências quase infinitas, para além do tempo e de nosso próprio alheamento.
A exposição “Realidade (re)velada: A linha do tempo”, acontece na Sérgio Gonçalves Galeria, Rua do Rosário, nº38, Centro. Até 7 de julho. De terça à sexta das 11 às 19h, sábado das 11 às 18h. Entrada Franca.
Constatação singular e até mesmo banal. É preciso ter os sentidos aguçados para saber extrair a solidão dos exaustivos momentos em que nos alheamos (uns dos outros) na correria repetitiva do dia-a-dia. É preciso, ainda, saber extrair da solidão sua respectiva poesia.
E é justamente com grande sensibilidade que o artista plástico Eduardo Ventura nos oferta com sua série de pinturas e desenhos inédita.
Inaugurada no dia 26 de maio, a exposição “Realidade (re)velada: A linha do tempo”, presente na Sergio Gonçalves Galeria, traz um conjunto de obras surpreendentes do artista – 13 telas e 2 desenhos, em que é possível perceber o andamento de suas pesquisas estéticas, próprias do campo pictórico, além de algumas questões filosóficas acerca do tempo e da duração. Tais questões poderiam ser facilmente levantadas como consequência de sua pincelada e gesto em sentido horizontal que produz uma sensação de movimento e de tensão nos poucos contornos das figuras, expandindo-se por toda composição.
E agora? obra de Eduardo Ventura |
Outras obras de aspectos mais soturnos, como “Noite adentro” e “O desencontro”, marcam um processo importante na transição da obra de Eduardo Ventura. “Noite Adentro”, é uma tela predominantemente escura, onde as cores quentes encontram-se encobertas por inúmeras camadas de tinta acrílica de tons variados. A imagem figurativa começa a ser elegantemente reduzida a poucos contornos, apenas o necessário para que o artista realize a sua sugestão narrativa, por entre veladuras.
Nas pinturas, “Travessia” e “Linhas do tempo”, o artista acena para as epifanias finais. As veladuras dão lugar definitivamente às cores, que assumidas no gesto frenético horizontal, afirmam também a duração do movimento. O vazio da tela é preenchido por massas velozes de vermelho, branco, magenta, amarelo e azul na comunhão dos gestos, formas, cores e movimentos. Fundo e a figura se enamoram abraçados em camadas superfinas, revelando nuances de transparências quase infinitas, para além do tempo e de nosso próprio alheamento.
A exposição “Realidade (re)velada: A linha do tempo”, acontece na Sérgio Gonçalves Galeria, Rua do Rosário, nº38, Centro. Até 7 de julho. De terça à sexta das 11 às 19h, sábado das 11 às 18h. Entrada Franca.
Renata Gesomino
Crítica de arte e curadora independente, doutoranda pelo PPGAV-UFRJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário