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  • sexta-feira, 30 de março de 2012

    ESTRÉIA - Novas portas e janelas abertas pela Caza

    A galeria CAZA Arte Contemporânea criada a partir da iniciativa do artista plástico Raimundo Rodriguez, inaugura hoje no jornal do Commercio um canal alternativo voltado, sobretudo, para a difusão do cenário contemporâneo de artes visuais do Rio de Janeiro. Dentre as novidades que serão apresentadas semanalmente na página da CAZA, encontram-se artistas e obras das mais variadas linguagens e que desenvolvem pesquisas visuais que vão desde as categorias tradicionais das artes plásticas até as pesquisas mais experimentais.

    Desta forma, a galeria CAZA, juntamente com um grupo de críticos e curadores, dentre eles: Jorge Salomão, Marco Antonio Portela, Renata Gesomino e Raphael Fonseca, além de um corpo variado de convidados, poderão discutir os caminhos ou atalhos percorridos por um grupo de artistas que apresentam uma relação abertamente dialógica com os movimentos rizomáticos da arte contemporânea. Buscando um enfoque pós-moderno e mantendo um perfil agregador, a CAZA tem o objetivo estratégico de reunir as forças do cenário alternativo carioca e, assim, estabelecer um ponto de encontro, troca e disseminação, fomentando verdadeiramente um caldeirão cultural existente atualmente e que se encontra espalhado por todos os bairros do Rio de Janeiro. Diante deste universo multicolorido, polimorfo e ideativo a produção não poderia ser mais heterogênea, fato que se comprova facilmente ao citar a produção de alguns dos artistas da CAZA.

    Exposição de Raimundo Rodriguez na CAZA

    No campo da pintura destacam-se obras como os "Latifúndios" de Raimundo Rodriguez, representadas por um conjunto de painéis/quadros que revelam as cores adormecidas no interior de latas de tintas moribundas à espera de um resgate ou de um processo de ressignificação, tão comum na obra do artista. Essas latas, relatam um tempo já perdido na ferrugem das intempéries, oferecendo-se como cores desgastadas de uma palheta indócil. Mas, as latas coletadas, mantidas, e reutilizadas por Raimundo Rodriguez, são muito mais que cores: são formas a serem decompostas em planos.

    Outros artistas exploram o campo da pintura mantendo a figuração em meio a manchas e massas tonais. Assim são as pinturas de Juliano Guilherme, por exemplo. Em meio a um caos entrópico de figuras com características expressionistas e formas que parecem se desmanchar, o artista desmancha ao decompor as linhas em velaturas e sucessivas camadas que encobrem outras figuras, ainda que em pedaços. Artistas como Juliano Guilherme, parecem sempre fazer referência a pintores consagrados como Francis Bacon, cuja figuração nunca teve pretensão narrativa. Entre escorridos, riscos gráficos e partes reconhecíveis de corpos, membros e órgãos, Juliano Guilherme nos oferta com o que há de melhor na pintura contemporânea carioca.

    Renata Gesomino
    Crítica de arte e curadora independente. Doutoranda pelo PPGAV-UFRJ


    CLARISSA CAMPELLO - Óleo sobre tela

    Ao se falar a palavra "arte", talvez a primeira coisa que venha à mente seja uma das técnicas mais tradicionais e institucionalizadas da História: a pintura. Se perguntarmos a um leigo no campo das artes visuais pelo nome de artistas referenciais, os nomes que virão serão, majoritariamente, de pintores. Passo por essa experiência todo ano a perguntar a meus novos alunos por exemplos de artistas e, não à toa, os nomes de Leonardo, Michelangelo e Rafael são sempre ouvidos, compondo um panorama do Renascimento com pitadas de "Tartarugas Ninja".

    A pergunta que fica, por outro lado, é: qual o lugar da pintura no cenário artístico contemporâneo? O que poderia ser produzido após o seu pretenso "esgotamento" junto ao expressionismo abstrato de Jackson Pollock e seu "retorno" (frisado e talvez mesmo inventado pela crítica) durante a década de 1980? Muitas são as respostas possíveis, diversos são os pincéis ativos atualmente. Alguns deles estão nas mãos de Clarissa Campello.

    Há uma anedota narrada por Plínio, o Velho em sua "História natural" sobre a origem do desenho e, por consequência, da arte. Na Grécia antiga, uma mulher, sabendo que iria se separar de seu amante que partia para uma longa viagem, resolveu desenhar sobre a sombra de seu perfil na parede. Deste modo, ela pode retratar a imagem da pessoa amada. O trabalho de Clarissa Campello não parte, em primeira instância, do desenho, mas da fotografia. Este aparato técnico é capaz de capturar de modo diverso, mas igualmente intimista, a mesma efemeridade da afetividade descrita por Plínio.

    Ao se apropriar de imagens que eternizam de modo privado um encostar de peles, a artista contribui com a perpetuação do afeto despendido entre duas pessoas. Não sabemos quais os laços que unem estes indivíduos pintados juntos, se é que algo ainda os une, mas quando recodificados em óleo sobre tela, estes corpos ganham um peso da tradição pictórica que os transforma em monumentos para as relações afetivas contemporâneas.

    Em um mundo dominado pela informação e por palavras que crêem que tudo explicam, perante estas imagens só nos resta uma opção: o silêncio. Qualquer som proferido por nossas bocas e qualquer excesso das teclas será um esforço em vão que censurará a intimidade óleo sobre tela à nossa frente. Contemplar mais e verbalizar menos.


    Raphael Fonseca
    Crítico, historiador da arte e professor do Colégio Pedro II


    LIVROS E LOMBADAS - Abrigo para o grande aliado do artista e seu público

    A coluna que hoje se inicia pretende falar sobre as novidades do mercado editorial. Toda publicação que se relacionar com artes plásticas encontrará abrigo aqui. Os livros guiam nossos caminhos, desenvolvem nosso raciocínio, exercitam nossa capacidade de questionar. Além disso, perpetuam ideias e argumentos - servem de suporte para produções acabadas e podem emprestar suas páginas em branco aos rascunhos artísticos. O papel é grande aliado do artista e de seu público. Embarquemos juntos nessa aventura pelos livros. Inauguro a coluna com folhas em branco.

    Encadernações podem resumir/registrar o nascimento e vida de uma obra. Há bloquinhos de papel que o fabricante afirma terem sido usados por Van Gogh e Picasso para registrar esboços e ideias. Puro marketing. Mas há inúmeras marcas, nacionais e importadas, de cadernos de anotações. Para todos os bolsos e gostos. O consumidor pode escolher desde os fabricados em série aos artesanais mais descolados.

    Recentemente descobri os bárbaros cadernos do Canteiro de Alfaces. Brasileiríssimos, costurados à mão, com capas exclusivas e acabamento impecável. Valem cada centavo. São vários modelos, com encadernação copta, cruzada ou tecida, de tamanhos variados e para bolsos também variados. Alguns são itens de colecionador - como as capas criadas por Eduardo Denne. Outros são cadernos para o uso diário, mas com o requinte das peças únicas. Podem ser vistos e comprados pelo site www.canteirodealfaces.com.br. Além disso, Luisa Gomes Cardoso, responsável pelos cobiçados cadernos, dá dicas para que qualquer um possa produzir seu próprio bloquinho. O caderno da foto tem 10 x 14 cm, 200 páginas e custa R$ 35,00. Fica a dica.

    Paulo Almeida
    Jornalista e consultor de comunicação e marketing



    ARTE ONDE VOCÊ ESTIVER - Novas tecnologias fazem da rede um importante ferramenta de divulgação

    A internet virtualizou vários aspectos da vida humana. Hoje, é comum manter relacionamentos pessoais e profissionais nas redes sociais e trabalhar em home office. Com a arte não foi diferente. Hoje é possível 'visitar' exposições em 360º e em 3D, assistir a eventos transmitidos através do YouTube e, principalmente, aproveitar o espaço gratuito na rede mundial de computadores para divulgar o próprio trabalho.

    Há dois anos, o publicitário Maurício Rúbio, 38 anos, percebeu um nicho pouco explorado no mercado e criou a empresa Videopontocom (www.videopontocom.com.br), especializada em fotografia panorâmica. O trabalho de excelente qualidade é realizado em nível nacional e internacional. Ele atende em São Paulo, nos Estados Unidos e na Alemanha. Entre os seus parceiros no Rio de Janeiro estão a Caza Arte Contemporânea e o Café Baroni.

    "Sempre fui fascinado por fotografia e curioso por tecnologia. Em 2010, pesquisando novidades nesse segmento, surgiu a ideia de criar a Videopontocom, onde poderia unir essas duas paixões e atender um nicho de mercado, até então, pouco explorado", relembra.

    A Videopontocom é uma produtora de conteúdo voltada para internet. Entre os serviços oferecidos estão Tour Virtual em ambiente 360º, Gigafoto, Realidade Aumentada e Gestão de Imagem Virtual.


    A VIDEOPONTOCOM E A ARTE

    No blog da galeria (cazaartecontemporanea.blogspot.com) é possível encontrar o 360º de exposições que aconteceram no espaço cultural, como PegueeLeve, dos artistas Eduardo Denne e Gian Shimada.

    Maurício vê com bons olhos a divulgação das mostras na internet paralelamente a exposição presencial. "Eu só vejo benefícios ao artista e à exposição como um todo, pois dificilmente alguém troca o ambiente das exposições e galerias pela tela do computador", frisa o publicitário, "Temos, porém, lembrar que vivemos em um mundo cada vez menor, onde amigos, clientes e fãs vivem espalhados, e que nem sempre podem presenciar a exposição, por isso a idéia de transformá-la em algo virtual. Onde mesmo a distancia possa ser vivida e eternizada", enumerou.

    Maurício revela ainda as metas que a empresa pretende alcançar daqui a alguns anos: "A Videopontocom tem como objetivo se consolidar cada vez mais no segmento de imagem e tecnologia, onde suas imagens já receberam mais de 200 mil visitas. Visamos o constate aprimoramento artístico unido à interminável busca por tecnologia trazendo um pouco do futuro para seu presente", finalizou.

    www.videopontocom.com.br

    Chandra Santos
    Jornalista