sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

EXPOSIÇÃO - A Cenografia como ofício

                                      JEFFERSON DUARTE/DIVULGAÇÃO
Exposição “Na Terra de Macunaima” pela Celophane Cultural

Jefferson Duarte nasceu num dia de carnaval de 1963, no subúrbio de Cascadura, no tempo em que os bondes ainda paravam para deixar o bloco passar. Esse dia fará 50 anos no próximo carnaval de 2013.

O menino que já nasceu de óculos sempre desenhou, desde que segurou pela primeira vez o lápis. Quando não tinha papel, ia com sua mãe ao açougue e se debruçava sobre o balcão para pedir as imensas folhas brancas de embrulhar carne, que cuidadosamente preenchia por completo de figuras do seu universo. Até que um dia seu pai lhe presenteou com um imenso quadro negro. Ali o pequeno mundo do papel, ficou imenso, eram cidades, planetas, super-heróis e histórias, desejos que eram desenhados e apagados diariamente religiosamente.

O sonho de uma faculdade foi aos poucos indo pelo ralo, pois aos 14 já trabalhava para ajudar nas despesas da casa e só sobrava tempo pra desenhar.

Quando jovem em plena ditadura, no governo de Figueiredo, é forçado a servir ao exercito. Seu desenho apagou de vez, e quase morre junto com Elis Regina.

Mas um dia o sol voltou a brilhar. Esse sol tinha um nome: teatro. Em São João de Meriti, na baixada fluminense, ele se encontrou novamente. Atuou, dançou, usou o corpo, a mímica e a criatividade como expressão. Mas foi no cenário, quando viu a atuação de uma equipe de cenógrafos e figurinistas que enxergou uma nova possibilidade. Ali ele poderia voltar a criar seus mundos. Começou a pesquisar, sempre foi autodidata, e a idealizar cenários e figurinos para os grupos de teatro amadores da região, fez carnaval, fez estandes cenográficos e utilizou a cenografia para a transformação social, atuando nos projetos Se Essa Rua Fosse Minha do Betinho e Meninas da Calçada.

Num belo dia foi chamado para ajudar na exposição sobre o Profeta Gentileza na UERJ em seguida Estação Cartola no BNDES. O universo se abriu mais uma vez redefinindo o que é o seu ofício até hoje: as exposições. Elas o levaram até São Paulo, ao SESC, aos curadores, vencendo concorrências, usando e abusando da sua construção profissional e sua criatividade. Nesta paulicéia cenográfica desvairada que ele pôde doar ao público sua visão sobre O Chão de Graciliano Ramos, o desbunde carnavalesco de Na Terra de Macunaíma, a Imensidão de Nas Veredas do Rosa. Na cultura popular com o Cordel – a História que o Povo Conta, O Cariri – Sertão cultura, no Choro do Quintal ao Municipal, em Patativa do Assaré e no Batuque na Cozinha.

Enfim o pequeno Jefferson Duarte continua a criar seus mundos, pra passar mensagens e contar histórias pras pessoas, do mesmo jeito de quando criança, no imenso quadro negro que hoje se chama Celophane Cultural, sua produtora.


Nenhum comentário:

Postar um comentário