A fotografia tem, em mãos de bons fotógrafos, o poder de transformar o real sem, contudo, alterá-lo em sua essência, de tal modo que uma transcrição fidedigna de um objeto ou de um local pode adquirir um aspecto abstrato pela simples alteração da escala ou do ponto de vista. Da mesma forma, o que é infinitamente pequeno se confunde aos nossos olhos com o infinitamente grande, como as imagens do interior do corpo humano produzidas com o auxílio de microscópios eletrônicos se assemelham às astrofotografias realizadas com telescópios espaciais.
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Leonardo da Vinci propunha como exercício de criação a observação das manchas de mofo nos muros, para que os artistas aprendessem a extrair das menores e mais banais coisas, vislumbres de seres e universos insuspeitos. Ao estudar detidamente lanternas e faróis de carros com idêntica atenção, na série Lumínias, Magno Mesquita realizou idêntico exercício do olhar, extraindo da frieza dos elementos industriais imagens de um universo futurísco imaginário. Visões de um fotógrafo que tem olhos de ver e vendo, transforma aquilo que é visto.
Pedro Afonso Vasquez
Escritor, tradutor, fotógrafo e curador.
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