Coração Viciado, obra de Marcos Cardoso
Isso no momento inicial, no passeio aleatório a cada manhã, em busca do achado no chão: resto do resto: guimbas. Depois o ateliê. O pensamento. A ordem.Os enxames arrepiados desenham o espaço em armações de cigarros (o farelo do fumo contido nos cilindros pequenos), flores-do-mal espetam o olho.
Que magia estranha dirige seu passo?Que segredo oculto tem seu olho que olha as sombras do mundo e inventa o poema? Marcel Duchamp foi enfeitiçado para sempre por Raymond Rossel com a peça delirante "Impressions d'Afrique. Marcos Cardoso metamorfozeou-se pelo mito do carnaval e suas máquinas: reciclou pó e pano em palácios e castelos, faz-de-conta sem fim, hoje pura linguagem nobre mergulhada no sensível, no sonho do alquimista que engendra transtornados objetos arfantes.
Cada enxame respira seu ar exaurido e expande-se em sinuosas serpentes: ou mantos pesados-delicados, ou estrela-do-mar, ou corações entrelaçados de charutos, materiais que são o que não são.
Simulacros que tornam verdades, não alegorias no encanto das invenções "à vera".
A cola une pacientemente guimba após guimba, dos montes acumulados, em encaichoeiradas fagulhas, bocas de batom, lampejos vermelhos, rubros de bocas-beijos largados.
Perfumes exalam o espaço.
Ninguém ousou tão longe.
Que perdidas sensações ocultam-se dos tubinhos pisados pelo pé passante?
Nada importa.
De dentro deles sopra leve delírio de organizações frágeis prestes a demolirem-se mas que resistem nos suportes que os prendem em formas às paredes e / ou então caem e abrem: como leques em abraços afetuosos de mil bocas anônimas que tocaram levemente seus bordos, sugaram seu ar enfumaçado, argolas de vento subindo para o alto.
Nada mais existe.
Somente o tubinho semi-oco, semi-vicio.
Toque de amor, memória, esquecimento.
Agora, objeto claro, justo, voz e som, sussurro de bocas abertas, metáforas de vida.
Objetos novos. Surpreendentes. Máquinas de arte.
Que magia estranha dirige seu passo?Que segredo oculto tem seu olho que olha as sombras do mundo e inventa o poema? Marcel Duchamp foi enfeitiçado para sempre por Raymond Rossel com a peça delirante "Impressions d'Afrique. Marcos Cardoso metamorfozeou-se pelo mito do carnaval e suas máquinas: reciclou pó e pano em palácios e castelos, faz-de-conta sem fim, hoje pura linguagem nobre mergulhada no sensível, no sonho do alquimista que engendra transtornados objetos arfantes.
Cada enxame respira seu ar exaurido e expande-se em sinuosas serpentes: ou mantos pesados-delicados, ou estrela-do-mar, ou corações entrelaçados de charutos, materiais que são o que não são.
Simulacros que tornam verdades, não alegorias no encanto das invenções "à vera".
A cola une pacientemente guimba após guimba, dos montes acumulados, em encaichoeiradas fagulhas, bocas de batom, lampejos vermelhos, rubros de bocas-beijos largados.
Perfumes exalam o espaço.
Ninguém ousou tão longe.
Que perdidas sensações ocultam-se dos tubinhos pisados pelo pé passante?
Nada importa.
De dentro deles sopra leve delírio de organizações frágeis prestes a demolirem-se mas que resistem nos suportes que os prendem em formas às paredes e / ou então caem e abrem: como leques em abraços afetuosos de mil bocas anônimas que tocaram levemente seus bordos, sugaram seu ar enfumaçado, argolas de vento subindo para o alto.
Nada mais existe.
Somente o tubinho semi-oco, semi-vicio.
Toque de amor, memória, esquecimento.
Agora, objeto claro, justo, voz e som, sussurro de bocas abertas, metáforas de vida.
Objetos novos. Surpreendentes. Máquinas de arte.
Ligia Pape
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