quinta-feira, 7 de junho de 2012

INTERCÂMBIO - De Estocolmo para a Baixada Fluminense

Magé, município onde Mané Garrincha viveu, atrai turistas atrás de sua história

Há 12 anos o escritor Claudio Aragão estava no Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro (RJ), autografando seu livro “A História do Vasco da Gama em Cordel”, quando um turista sueco se aproximou para pedir um autógrafo e lhe entregou um cartão de visita. Tratava-se de Fredrik Ekelund, um famoso escritor local.

Claudio ficou espantado como o gringo falava bem a nossa língua – que é considerada uma das mais difíceis. Então, Fredrik explicou que aprendeu o português com os exilados brasileiros, na década de 1970. Conversa vai, conversa vem, o estrangeiro contou que embarcou para o Rio de Janeiro porque precisava colher dados para um livro, que seria publicado em seu país, sobre a história do futebol brasileiro. Prontamente, Claudio ofereceu ajuda na pesquisa. Em 2002, os livros foram lançados: “SAMBAFOTBOLL”, de Fredrik Ekelund (Suécia) e “A História da Seleção Brasileira em Cordel”, de Claudio Aragão (Brasil). O sucesso das publicações foi tamanho, que eles esgotaram rapidamente nas livrarias.

Fósforos Pau Grande obra de Jorge Duarte
representando Garrincha, a vista de Pau Grande e o escudo do 1º clube do jogador.

Pensa que acabou? Não, agora vem o melhor da história: o intercâmbio cultural Estocolmo – Baixada Fluminense que resultou dessa parceria. Anualmente, desde 2004, são organizadas excursões para que os escandinavos conheçam a cidade do Rio de Janeiro. E passar um dia na cidade de Magé, na Baixada, onde Mané Garrincha começou sua carreira, faz parte da programação.

Todos os anos o roteiro é o mesmo: sábado, pela manhã, eles seguem para o cemitério de Raiz-Da-Serra, onde Claudio ministra ao lado do túmulo de Garrincha uma explanação sobre nossa cultura, nosso país, nosso futebol e nossa história. E em seguida, os turistas conhecem a casa onde o jogador morou, o rio onde pescava, a mata onde caçava, o campo do Sport Clube Pau Grande e principalmente os velhos amigos do jogador.

Na parte da tarde, eles seguem para Vila São José, em Duque de Caxias, onde é realizada a pelada Suécia X Brasil. O encerramento fica por conta de uma feijoada oferecida no Bar do Índio, na rua 19. A integração entre os turistas europeus e os brasileiros – principalmente as crianças – é harmônica.

A visita de maior repercussão ocorreu em 2005, quando Fredrik trouxe Ulf e Martin Lindberg, respectivamente, filho e neto de Mané Garrincha, que moram na Suécia, para a primeira visita ao Brasil.

“Na manhã do dia 12 de novembro seguimos para o cemitério. Lá, Ulf e seu filho rezaram ao lado do túmulo de Garrincha. Depois fomos para o campo do Sport Clube Pau Grande onde disputamos um “peladão”. Ulf formou um time com seus amigos gringos e alguns veteranos do lugar, usando a camisa do S.C.P.G. Já eu, formei meu time com veteranos da Vila São José, onde jogo. O campo onde Mané Garrincha jogou até ir para o Botafogo nunca esteve com tantos fotógrafos, repórteres e jornalistas brasileiros e estrangeiros”, relembra Claudio acrescentando ainda que um documentarista sueco registrou a visita do início ao fim.


Chandra Santos
Jornalista


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