sexta-feira, 25 de maio de 2012

PERFIL - O Portela é nosso !

Existem muitos casos conhecidos de artistas que tiveram algum tipo de emprego formal. Isso não é novidade. Marco Antonio Portela, é um deles. O que o distingue é a abrangência da sua atuação; artista, professor, curador, além de propositor e produtor de diversas iniciativas como o MAP (Museu de Arte Postal) e o espaço Eu Vira em parceria com outros artistas.

Série Preguiça, foto de Marco Antonio Portela

Como artista vem desenvolvendo uma poética que lida com imagens fotográficas impressas em superfícies diversas tendendo a se assumir como objetos. Pensando na pessoa à partir da obra percebo que nada nele se esgota nas suas premissas ou pontos de partida, há sempre no que Marco faz um desejo, diria até incontrolável de ir além de um simples denominador comum entre seus impulsos e o mundo. Portela é plural e transbordante por inevitável vocação.

Recentemente em visita ao Brasil, durante uma palestra sobre a exposição do artista Roberto Cabot no MAM RJ, o crítico e curador frances Nicolas Bourriaud comparou a produção artística no Século XX ao jorro de um poço de petróleo.

Do seu trabalho na Petrobrás, Marco se sustenta e cria condições para sua ampla atuação, criando numa generosa forma de viver uma maneira de dividir a riqueza do nosso sub solo e transforma-la em arte, cultura e riqueza estética e prosperidade afetiva.

Ao contrário da história do petróleo no Brasil marcada por tragédias, traições, polêmicas e acidentes desde o seu início, a trajetória de Portela é um continuo estabelecer de relações afortunadas, estabelecendo como sua estética algo que consegue ser maior que somatório de suas atividades.

Quase sempre envolvido em projetos gregários Marco Antonio trata também de fazer de seus projetos individuais, como a exposição que apresenta até o dia 18 de julho no Atelie da Imagem, uma oportunidade para envolver colegas e agregar idéias e potenciais. Portela escapa ao modelo tão em voga do artista como produtor de obras destinadas ao consumo como mercadoria em galerias e feiras e reafirma assim uma proposta de artista como agente cultural, que além de oferecer sua própria produção autoral tem em sua atuação um contínuo transformar estético e afetivo. Nele ética e estética são indissociadas.

Dessa forma o tão anunciado e tão pouco vivido ideal contemporâneo de união entre arte e vida se faz cumprir.


Bob N
Artista plástico


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