sexta-feira, 20 de abril de 2012

IMAGINÁRIO PERIFÉRICO - O que é / Quanto custa / Onde pode ser encontrado

Imaginário Periférico

O Centro Municipal de Arte Helio Oiticica abriu suas portas, no último sábado (14/04), para a primeira exibição do filme IMAGINÁRIO PERIFÉRICO O que é / Quanto custa / Onde pode ser encontrado contemplado pelo edital ProArtes Visuais da Prefeitura do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto foi realizar um videodocumentário do coletivo de artistas IMAGINÁRIO PERIFÉRICO a partir da edição do vasto material audiovisual das ações do grupo com atuação predominante na Baixada Fluminense e enfocando questões tais como o limite geográfico de atuação do artista, tomado como um corpo coletivo, e do público, irrestrito, nas práticas da arte na contemporaneidade. O filme pode ser visto até o dia 13 de maio e, após esse período, será distribuído em bibliotecas e escolas públicas do município do Rio de Janeiro.

O IMAGINÁRIO PERIFÉRICO é um coletivo formado em 1992 pelos artistas visuais Deneir de Souza, Jorge Duarte, Julio Sekiguchi, Raimundo Rodriguez, Roberto Tavares e Ronald Duarte que propôs inicialmente intervenções artísticas marginais ao eixo zona sul/centro na cidade do Rio de Janeiro. A partir de suas primeiras manifestações, outros artistas foram sendo convidados, estes convidavam outros e assim sucessivamente formando uma rede que totaliza mais de trezentos artistas participantes. As ações, na verdade celebrações pela alegria e espontaneidade, são promovidas por artistas visuais, músicos, poetas, dançarinos, atores e amigos, geralmente com duração de um dia, e em locais pouco convencionais como, por exemplo, a ocupação de um terreno baldio ou uma fazenda tombada pelo IPHAN na Reserva do Tinguá, em Nova Iguaçu; uma Lona Cultural em São João de Meriti; a Estação Central do Brasil/RJ, a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense em Duque de Caxias ou uma praia em São Gonçalo. Atuou também nos espaços culturais dos SESCs; Galeria 90/RJ; Galeria do Poste e Galeria da UFF/Niterói; Intercâmbio com artistas no Ano do Brasil na França; Museu Bispo do Rosário; Circo Voador dentre outros totalizando uma média de produção e participação em torno de cinquenta eventos.

Talvez a característica mais marcante do IMAGINÁRIO PERIFÉRICO seja a sua capacidade de reunir artistas de diferentes formações e gerações partilhando valores, diluindo fronteiras e estabelecendo pontos de contato e interseções inimagináveis no campo da arte institucional. Este coletivo consegue confluir artistas atuantes no cenário da arte contemporânea com anônimos, jovens e populares favorecendo o livre trânsito de expressões. Agindo nos hiatos e intervalos de nosso sistema cultural ainda imaturo, de forma lúdica e democrática, suas celebrações sempre foram manifestos experimentais, plásticos, sonoros e independentes de qualquer intervenção curatorial. Para além das regras do mercado de arte, o coletivo privilegia a doação e o afeto entre artistas e não artistas em detrimento de um juízo de gosto ou valor econômico. Tais ações provocam uma lateralidade no debate crítico da arte e enfrentam problemas como exclusão social e cultural na medida em que horizontalizam “centros” e “periferias” em suas livres manifestações.

O material audiovisual do IMAGINÁRIO PERIFÉRICO, cerca de 92 horas de gravação, é muito heterogêneo, a maioria dos registros foi feita pelos próprios artistas, alguns com equipamentos profissionais, mas outros feitos por câmeras amadoras comprometendo a qualidade e a durabilidade das imagens, por isso mesmo muitos deles jamais foram exibidos e outros já se perderam visto que grande parte sequer foi digitalizada.No intuito de reunir parte desse material e fazer um recorte audiovisual, o roteiro propôs uma conversa informal entre alguns dos artistas provocando as seguintes questões: o que é, quanto custa e onde pode ser encontrado. Sem pretensão de respostas concretas, o curta é orientado por essas questões e evolui ao longo dos depoimentos dos artistas lançando mão de cenas atuais apoiadas pelas imagens de arquivo e pela trilha sonora de Nivaldo Carneiro que logo no início dispara o “funk do periférico” para terminar com a marchinha de Jorge Duarte “sou PERIFERICO e não pertenço a lugar nenhum...”. Esse é o espírito. Vai PERIFÉRICO! Vai!


Mais sobre o Imaginário Periférico: imaginarioperiferico.blogspot.com


CENTRO MUNICIPAL DE ARTE HELIO OITICICA
Rua Luís de Camões, 68 – Centro – Rio de Janeiro
Terça a sexta: 11h – 18h
Sábado, domingo e feriado: 11h – 17h


Mirela Luz
Artista plástica, mestre em Linguagens Visuais e idealizadora do projeto IMAGINÁRIO PERIFÉRICO O que é, quanto custa, onde pode ser encontrado


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