sexta-feira, 11 de maio de 2012

ESPECIAL SP-ARTE - Juntos novamente, pela primeira vez

A cada ano que passa a SP-Arte, Feira Internacional de Arte de São Paulo, vem se consolidando como um evento pioneiro e indispensável que reúne galerias e artistas de todo o mundo impulsionada, sobretudo, pelo crescimento e estabilidade do mercado de arte brasileiro. A prova disto é que desde ontem até domingo, dia 13 de maio, a SP-Arte realiza a sua oitava edição, desta vez, abrindo espaço para 110 galerias, dentre elas, 83 brasileiras e 27 estrangeiras, apresentando aproximadamente 2.500 obras de artistas contemporâneos de expressão do cenário cultural mundial.

O evento que vem crescendo ao longo de suas edições, ocupa este ano nada menos que três pavimentos inteiros do Pavilhão da Bienal, reiterando a importância da SP-Arte que amplia a visibilidade da produção nacional diante de um mercado internacional, colocando definitivamente o Brasil na rota das feiras mais importantes do mundo. Além do mais, a feira comemora um sólido sucesso de vendas e oferece ao público em geral a oportunidade de entrar em contato com um riquíssimo conjunto de obras de arte que vão desde pinturas modernistas às instalações contemporâneas espalhadas por todo Pavilhão da Bienal.

Seguindo um modelo pautado no compromisso com a inovação, a Feira Internacional de Arte de São Paulo busca reunir as principais galerias da América Latina, Europa, Ásia e Estados Unidos, tendo em sua lista as mais renomadas galerias da atualidade, dentre elas destacam-se: FortesVillaça, Bolsa de Arte de Porto Alegre, Vermelho, Galeria Murilo Castro, Celma Albuquerque Galeria, Ronie Mesquita Galeria, Luciana Caravello Arte Contemporânea, Galeria Moura Marsiaj, Baró Galeria, e as estrangeiras: GC Arte, Ruth Benzecar Galeria de Arte (ambas de Buenos Aires), Galerie Anita Beckers (Frankfurt), Casas Riegner (Bogotá), Fernando Pradilla (Madri), Galeria Filomena Soares (Lisboa), Leon Tovar Gallery (Nova York), Kaikai Kiki Galery (Minato-ku) (Tóquio), entre muitas outras.


JUNTOS NOVAMENTE

Uma das principais novidades anunciadas pela feira diz respeito à estreia de galerias de peso como a inglesa White Cube e a espanhola Elvira Benitz, além da Thais Darzé Escritório de Arte de Salvador e da recém-inaugurada, Sérgio Gonçalves Galeria, do Rio de Janeiro, que traz em seu elenco artistas especialmente selecionados tais como:

A brasileira radicada em Paris, Laura Michelino que exibe uma série com quatro acquagravuras, cuja temática gira em torno da apreensão caótica das paisagens urbanas; o artista francês Bernard Pras, participante da feira desde 2009, e que possui um trabalho pautado em surpreendentes anamorfoses, exemplificado através da obra inédita “ Guernica”, referência direta ao grande mestre modernista do século XX, Pablo Picasso; o experiente artista brasileiro Eduardo Ventura, representado com sua série de pinturas mais recentes. Iniciando novas pesquisas plásticas, onde a cor parece ter o objetivo de re-velar a realidade melancólica presente em alguns momentos fugidios da vida cotidiana, o artista articula a velocidade de suas pinceladas estabelecendo um ritmo horizontal que confere às telas uma ideia de movimento instável.

Todos os artistas citados acima tiveram suas obras reunidas, uma vez mais, como resultado do sucesso da mostra coletiva “Moto-Contínuo”, realizada na Sergio Gonçalves Galeria, e que marcou sua inauguração no mês de abril passado.


... E PELA PRIMEIRA VEZ.

Outro seis artistas, entre brasileiros e estrangeiros, fazem o seu debut na SP-Arte, são eles: Raimundo Rodriguez, Clarissa Campello e Daniela Seixas, também vinculados à galeria carioca CAZA Arte Contemporânea, além do americano Bill Beckley, do colombiano Eduard Moreno e do espanhol Carlos Aires, e que perecem espacial atenção.

Instalação de Raimundo Rodriguez e foto "Guernica" de Bernard Pras

O artista plástico Raimundo Rodriguez, ocupa uma área especialmente reservado no stand 84 da Sergio Gonçalves Galeria, para a montagem de uma complexa instalação, feita a partir de objetos que são sucessivamente resgatados e reutilizados. Intitulada “ Mar de Ilusões” , a obra do artista ganha forma e força a partir de fragmentos afetivos que são ressignificados conferindo o teor onírico exato a uma construção fantástica que reúne objetos banais como aros de bicicletas, pedaços de madeira, azulejos, metal, gesso, fotografia, etc., resgatando as “ engrenagens” pretéritas de marés revisitadas. A instalação de Rodriguez está acompanhada de mais sete obras da série “ Latifúndio” , além de alguns objetos e de suas esculturas planas, apresentadas pela última vez no Rio de Janeiro, durante a exposição individual “ Obras Inéditas” , ocorrida na galeria CAZA Arte Contemporânea.

Daniela Seixas
Também é uma grande estreia para a jovem e promissora artista Daniela Seixas, premiada na edição de 2011, do NOVÍSSIMO- Salão de artes do IBEU. A artista, que busca assegurar a presença de conceitos como o desenho e o descontato, parece inverter um sentido ou significado primário, apenas para reencontrá-lo, através de poéticas visuais intimistas que colocam em suspensão o tempo presente e as ações despretensiosas e quase mecânicas do dia-a-dia. Assim como na obra de Rodriguez, o tempo parece estar retido permanentemente entre selos, cartas, bilhetes e cartões postais que brotam displicentemente em pequenos desenhos. Três obras da artista estão presentes na SP-Arte, são elas: “ Foz de todo nome” também conhecida como” Tempestade”, além do vídeo “ Horizonte” e do desenho “ O casal” .

Bill Beckley

Também pela primeira vez na feira, a obra impactante do artista americano Bill Beckley, que possui um histórico invejável de grandes participações em importantes feiras de arte nos principais centros culturais do mundo, incluindo a maior de todos – Art Basel, onde expôs ao lada de grandes artistas como Claes Oldenburg e Frank Stella. Entre o conjunto de obras de Beckley apresentadas na SP-Arte, estão algumas obras mais antigas como as da série “ Spinning Flowers”, realizadas a partir de 2001, quando o artista desenvolveu uma temática que partia do estudo de flores que pareciam dançar em slow motion em suas fotografias. Posteriormente, o artista iniciou uma série de vidros em consistência quase líquida, fotografados em piscinas e tanques transparentes. Algumas dessas obras que podem ser conferidas na Sergio Gonçalves Galeria são: “Everly Brother”, “ Heroin Trade”, “ Capote White” e “ Marcel”, esta última, reproduzida no catálogo da própria SP-Arte.

The Balcony - Obra de Clarissa Campello

Eduard Moreno é talvez o artista mais premiado que integra o elenco da galeria carioca. O artista colombiano que expôs a soturna obra, “Mal de Archivo” durante a mostra “ Moto-Continuo” , cujo tema reside na hospitalidade centrada e como monumento, alerta para a fragilidade e efemeridade da existência humana. Apontado como uma das maiores revelações de seu País nos último anos e eleito o melhor artista latino americano da última edição da ArtBO, em outubro de 20011, Moreno esteve também na contracapa da conceituada revista “Art Nexus”, em sua edição de 35 anos em razão da premiação conquistada.

Encerrando o elenco de artistas que participam pela primeira vez da SP-Arte, a imperdível instalação que também integrou a exposição “Moto-Contínuo” , pela Sergio Gonçalves Galeria intitulada, “ How deep is your love (facas)” , do artista espanhol Carlos Aires. Também está presente no stand 84, a obra inédita no Brasil, “ El Jardín de las Delícias”, que mede 110x110 com, um dos mais recentes trabalhos do artista, feito com recortes em notas de euros, de forma a criar imagens que se agrupam no espaço circunscrito.

Eduardo Ventura - O dono da rua

Por fim, após tomar conhecimento de uma parte expressiva das 2.500 obras que estão sendo exibidas na SP-Arte de 2012, fica claro que a maior feira de arte contemporâneo do Brasil, deixa de ser mais uma alternativa na intensa programação cultura de São Paulo, e passa a fazer parte de um circuito obrigatório para todos aqueles que respiram artes visuais.

A SP-Arte funciona hoje nos horários de 14h às 22h e nos dias 12 e 13 de maio, de 12h às 20h, no Parque do Ibirapuera, Portão 3 – São Paulo. Ingresso a 30,00 inteira e meia-entrada a 15,00. Vale à pena conferir.


Renata Gesomino
Crítica de arte e curadora independente.Doutoranda pelo PPGAV-UFRJ


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