sexta-feira, 13 de abril de 2012

INTERNET - Museu de Arte Postal: todos podemos ser colecionadores

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Bob N - Bob e Lola @ Avellanas

Esse generoso espaço neste jornal nos oferta a oportunidade de falarmos para todos aquilo que acreditamos ser o exercício da arte. Um lugar amplo que aceita inúmeras representações e formatos, liberdade de criação e voz, alforriado das relações de poder e de mercado. Atitude próxima daquilo que vêm a décadas sendo praticado pelo coletivo Imaginário Periférico em suas experimentações e eventos, passando pela Galeria do Poste de Niterói, onde um poste de iluminação ganha status de galeria, chegando a algumas outras manifestações artísticas isoladas que sempre procuraram encurtar espaços entre arte e homem comum abandonando o hermetismo que segrega e elitiza.

Nesse viés encontramos o projeto Museu de Arte Postal (www.museudeartepostal.com.br) que acabou de lançar no novíssimo Espaço Eu Vira em Santa Tereza sua segunda edição. Um projeto em formato postal, 10 x 15cm que visa provocar uma circulação e incentivar um colecionismo, usando a internet como um dos meios de atuação. Com edições bimestrais de quatro artistas convidados pelo idealizador do museu, que é quem vos escreve, eles propõem, cada, um trabalho a ser impresso com tiragem de mil, assinados e numerados. Esses trabalhos têm um preço bastante baixo para facilitar a aquisição e tensionar às relações com o sistema de arte. Com pouco dinheiro pode-se ter obras autênticas de artistas como Suzana Queiroga, Luiz Ernesto, Bob N e Vicente de Mello, alguns nomes que já foram editados pelo projeto e já estão disponíveis. Com isso o projeto tenta provocar uma reflexão sobre os abusivos preços que as obras de arte atingem no sistema de arte, misturando valor monetário e valor artístico, coisas que nem sempre andam juntas.

O MAP não possui mantenedor externo, patrocínio, nem tampouco ganhou algum edital, é feito com verba própria. Infelizmente nossas verbas em artes visuais não são tão generosas e são um pouco viciadas e concentradas. Não depender desses mecanismos para tocar projetos possibilita uma liberdade de criação e atuação incrível. Os postais carregam essa liberdade e atingem pessoas que gostam de arte e não de negócios, pessoas comuns que se vêem carregando para casa objetos estéticos acessíveis e não por isso menores.

Essa liberdade que o MAP carrega e que aprendeu com alguns outros movimentos e ações que o antecederam, é a mesma que essa página vai procurar levar a todos através dessas nossas reflexões e experiências no campo da arte.

Marco Antonio Portela
Artista visual, mestre em artes pela UFF e curador independente


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